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quarta-feira, 21 de novembro de 2012
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Celebrando o dia da Consciência Negra em Manaus
Publicado Segunda-feira, 19 Novembro, 2012 . 13:00 hs
Bem, se me deixam falar sobre o tema, corro o risco de não parar mais… Vou aproveitar mais um 20 de novembro para desfazer alguns equívocos sobre a presença negra no Amazonas. Começo dizendo que não se pode falar em escravidão negra como inexpressiva utilizando os números da população escrava na cidade. Claro que Manaus, no século XIX, não se comparava ao Rio de Janeiro, Salvador ou Belém onde a presença escrava constituía–se em importante maioria demográfica, enquanto que, em Manaus, não ultrapassava os 8%.
Os mais afoitos que se acalmem porque isso não quer dizer que as relações escravistas eram pouco importantes. Vejam só este exemplo: as análises de fontes seriadas como inventários e escrituras públicas de compra, venda e hipotecas revelam que a propriedade escrava era o mais importante dos ativos para efetivação dos negócios na praça manauara e uma das chaves da riqueza local. Quem possuía escravos tinha condições privilegiadas nas operações mercantis e isso acontecia mesmo a despeito do número reduzido de escravos que mencionei.
As populações escravizadas que viviam em Manaus no século XIX eram, em sua maioria, nascidas no Brasil e no cativeiro. A presença de africanos é reduzida. O dado nos coloca diante de outra questão importante que é o fato de que estes homens e mulheres compartilharam as agruras do mundo do trabalho com uma esmagadora maioria indígena que também vivia aqui, de modo temporário ou permanente, seja nos serviços públicos e domésticos, no trabalho agrícola, na extração de produtos da floresta, entre tantos a citar. Aproveito a deixa para desfazer a ideia de que a presença indígena na cidade é fenômeno, essencialmente, contemporâneo. Afinal, índios vivem em cidades desde o início do processo colonial porque se constituíram na base demográfica fundamental destes núcleos urbanos. A extensão e os significados desta estreita convivência, seus conflitos e suas solidariedades em uma sociedade desigual e hierarquizada ainda é fenômeno pouco estudado na historiografia brasileira.
Ainda não acabou… Não se pode pensar em presença negra na região olhando, apenas, o mundo da escravidão. O censo de 1872 oferece um dado desconcertante para aqueles que persistem em tal raciocínio: cerca de 70% da população negra de Manaus não era escrava! O que isso sinaliza? Para um conjunto de experiências e trajetórias de indivíduos ainda completamente desconhecidas da maioria e que, ao serem reveladas, podem colocar por terra muitos estereótipos presentes sobre a presença negra em Manaus. Um exemplo é a trajetória extraordinária do Deputado Monteiro Lopes, o primeiro deputado eleito com uma pauta reivindicatória para população negra em 1909. Poucos sabem é que esse sujeito extraordinário viveu em Manaus antes disso exercendo as funções de promotor público e juiz de direito. Poderíamos continuar falando dos notáveis músicos que viviam em Manaus e também atuavam como professores. Registro os nomes de Francisco da Silva Galvão, professor dos Educandos Artífices e Adelelmo Nascimento, professor do Ginásio Amazonense Pedro II.
A essa altura, já espero ter convencido o leitor sagaz de que temos muito a ver com a celebração do 20 de novembro mas quero terminar com uma nota relevante. Muitos sabem que Zumbi dos Palmares é originário da África Central Atlântica, pertencente a um grupo linguístico denominado Banto. Pois bem, leitor! Saiba que Manaus recebeu, entre os anos de 1854 e 1861, um grupo significativo de Africanos originários da mesma região e falantes de línguas banto. Eram os chamados Africanos Livres, populações que haviam sido resgatadas de navios envolvidos no tráfico atlântico, ilegal desde 1831, e que ficam sob a tutela do estado imperial ou de particulares. Esse grupo de homens, mulheres e crianças foi responsável por dezenas de trabalhos em Manaus. A construção da Igreja Matriz é apenas um exemplo.
A lista pode e deve aumentar. Sua exiguidade revela o tamanho de nossa ignorância a respeito do tema acaba alimentando, por vias tortas, o preconceito e a crescente intolerância. Celebrar o dia 20 de novembro significa manter a memória em estado de alerta permanente para garantir aqueles que vivem no tempo presente o direito ao passado. Uma luta permanente contra o silêncio, o racismo e a desigualdade em nosso país. Zumbi vive!
Fonte:
http://blogs.d24am.com/artigos/2012/11/19/celebrando-o-dia-da-consciencia-negra-em-manaus/
Artigo de Patricia Sampaio, professora da UFAM e doutora em História.Muitas pessoas me perguntam qual o sentido das comemorações do dia 20 de novembro em Manaus. A indagação se funda no argumento de que a escravidão negra no Amazonas foi inexpressiva e que a presença negra é bastante pontual. A conclusão é óbvia: se não há tradição histórica, não há razão para celebrar Zumbi pelas bandas de cá.
Bem, se me deixam falar sobre o tema, corro o risco de não parar mais… Vou aproveitar mais um 20 de novembro para desfazer alguns equívocos sobre a presença negra no Amazonas. Começo dizendo que não se pode falar em escravidão negra como inexpressiva utilizando os números da população escrava na cidade. Claro que Manaus, no século XIX, não se comparava ao Rio de Janeiro, Salvador ou Belém onde a presença escrava constituía–se em importante maioria demográfica, enquanto que, em Manaus, não ultrapassava os 8%.
Os mais afoitos que se acalmem porque isso não quer dizer que as relações escravistas eram pouco importantes. Vejam só este exemplo: as análises de fontes seriadas como inventários e escrituras públicas de compra, venda e hipotecas revelam que a propriedade escrava era o mais importante dos ativos para efetivação dos negócios na praça manauara e uma das chaves da riqueza local. Quem possuía escravos tinha condições privilegiadas nas operações mercantis e isso acontecia mesmo a despeito do número reduzido de escravos que mencionei.
As populações escravizadas que viviam em Manaus no século XIX eram, em sua maioria, nascidas no Brasil e no cativeiro. A presença de africanos é reduzida. O dado nos coloca diante de outra questão importante que é o fato de que estes homens e mulheres compartilharam as agruras do mundo do trabalho com uma esmagadora maioria indígena que também vivia aqui, de modo temporário ou permanente, seja nos serviços públicos e domésticos, no trabalho agrícola, na extração de produtos da floresta, entre tantos a citar. Aproveito a deixa para desfazer a ideia de que a presença indígena na cidade é fenômeno, essencialmente, contemporâneo. Afinal, índios vivem em cidades desde o início do processo colonial porque se constituíram na base demográfica fundamental destes núcleos urbanos. A extensão e os significados desta estreita convivência, seus conflitos e suas solidariedades em uma sociedade desigual e hierarquizada ainda é fenômeno pouco estudado na historiografia brasileira.
Ainda não acabou… Não se pode pensar em presença negra na região olhando, apenas, o mundo da escravidão. O censo de 1872 oferece um dado desconcertante para aqueles que persistem em tal raciocínio: cerca de 70% da população negra de Manaus não era escrava! O que isso sinaliza? Para um conjunto de experiências e trajetórias de indivíduos ainda completamente desconhecidas da maioria e que, ao serem reveladas, podem colocar por terra muitos estereótipos presentes sobre a presença negra em Manaus. Um exemplo é a trajetória extraordinária do Deputado Monteiro Lopes, o primeiro deputado eleito com uma pauta reivindicatória para população negra em 1909. Poucos sabem é que esse sujeito extraordinário viveu em Manaus antes disso exercendo as funções de promotor público e juiz de direito. Poderíamos continuar falando dos notáveis músicos que viviam em Manaus e também atuavam como professores. Registro os nomes de Francisco da Silva Galvão, professor dos Educandos Artífices e Adelelmo Nascimento, professor do Ginásio Amazonense Pedro II.
A essa altura, já espero ter convencido o leitor sagaz de que temos muito a ver com a celebração do 20 de novembro mas quero terminar com uma nota relevante. Muitos sabem que Zumbi dos Palmares é originário da África Central Atlântica, pertencente a um grupo linguístico denominado Banto. Pois bem, leitor! Saiba que Manaus recebeu, entre os anos de 1854 e 1861, um grupo significativo de Africanos originários da mesma região e falantes de línguas banto. Eram os chamados Africanos Livres, populações que haviam sido resgatadas de navios envolvidos no tráfico atlântico, ilegal desde 1831, e que ficam sob a tutela do estado imperial ou de particulares. Esse grupo de homens, mulheres e crianças foi responsável por dezenas de trabalhos em Manaus. A construção da Igreja Matriz é apenas um exemplo.
A lista pode e deve aumentar. Sua exiguidade revela o tamanho de nossa ignorância a respeito do tema acaba alimentando, por vias tortas, o preconceito e a crescente intolerância. Celebrar o dia 20 de novembro significa manter a memória em estado de alerta permanente para garantir aqueles que vivem no tempo presente o direito ao passado. Uma luta permanente contra o silêncio, o racismo e a desigualdade em nosso país. Zumbi vive!
Fonte:
http://blogs.d24am.com/artigos/2012/11/19/celebrando-o-dia-da-consciencia-negra-em-manaus/
Manaus celebra o Dia da Consciência Negra com música e teatro
16 Nov 2012 . 10:03 h . Redação . portal@d24am.com
De maneira lúdica representantes da cultura afrodescendente instigam a sociedade sobre o tema
Manaus - O Dia da Consciência Negra, comemorado na terça-feira (20), terá programação especial. Para isso, a Associação de Mestres e Brincantes de Cultura Popular e do Grupo Matumbé Capoeira, realizam a 3ª Edição da Mostra de Cultura Popular do Amazonas. Com o tema ‘O Umbigo da Liberdade’, o evento tem como objetivo divulgar a cultura afrodescendente do Amazonas.
Programação
Haverá música, danças, poesias e teatro. O Teatro de Rua apresentará a peça ‘A árvore dos mamulengos’. As atividades contam ainda com a participação do Grupo Maracatu Eco da Sapopema, juntamente com o Boi Teimosinho (Maués), o Grupo Matumbé Capoeira, o Grupo de Samba de Roda e o Tambor de Crioula Mestre Castro, que abrilhantarão a festa. O evento terá uma estrutura com formato de feira, além de outros espaços que terão atividades paralelas.
Mesa Redonda
Outro evento que promoverá a discussão em torno da cultura negra será a 3ª Edição da Mostra de Cultura Popular do Amazonas, agendada para hoje (16). Será abordada a presença negra nos altos escalões da sociedade, dando destaque nas barreiras e superações.
“A mostra pretende dialogar com as várias demandas culturais, com ênfase na participação negra da cultura do Amazonas – que não teriam voz em outros espaços que não fossem esses, por isso a importância do evento.
Desse modo, eles têm a oportunidade de quebrarem as barreiras do senso comum diante da ignorância derivada do preconceito. Temos que ter em mente que raça, em termos biológicos, não existe, entretanto o racismo está na nossa cabeça em termos antropológicos”, salienta Cristian Pio Ávila, antropólogo e assessor de Patrimônio Imaterial da Secretaria de Estado de Cultura.
Na ocasião, o evento trará como convidados o Dr. Emmanuel de Almeida Farias Júnior, antropólogo e pesquisador da Nova Cartografia Social da Amazônia, o Dr. Adalberto Carim Antônio, Juiz Titular da Vara Especializada do Meio Ambiente e de Questões Agrárias do Amazonas, o Dr. Sabino da Silva Marques, Desembargador TJAM e do Dr. Márcio Meirelles de Miranda, secretario de Justiça e Direitos Humanos que tratarão sobre a temática.
“O intuito desses eventos é realmente dá visibilidade às manifestações populares do Amazonas – a essa herança cultural afrodescendente. Porque podemos notar que há pouca menção sobre os africanos no nosso Estado. Os registros, livros ou outros tipos de documentos são poucos e essa é uma das maneiras que temos de expor, de forma positiva, essa cultura que sempre foi muito grande na região”, comentou Cristian Pio Ávila, antropólogo e assessor de Patrimônio Imaterial da Secretaria de Estado de Cultura.
Edições Anteriores
A 1ª Edição da Mostra de Cultura Popular do Amazonas aconteceu em 2010, no Largo Mestre Chico, em virtude ao Dia do Folclore. Já a 2ª Edição da Mostra foi em 2011, no Teatro Amazonas, comemorando, também, o Dia do Folclore.
SERVIÇO
O quê: 3ª Edição da Mostra de Cultura Popular do Amazonas – ‘O Umbigo da Liberdade’
Quando: 20 de novembro, terça-feira
Onde: Largo São Sebastião, Centro
Horário: 16h
O quê: Mesa Redonda – ‘A presença negra nos altos escalões da sociedade, barreiras e superações’
Quando: hoje (16) sexta-feira
Onde: Palácio da Justiça
Horário: 19h
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
sábado, 3 de novembro de 2012
PUXIRUM ACADÊMICO-ATIVIDADES INTEGRADORAS-UNINORTE LAUREATE
O que é o Puxirum Acadêmico –Atividades Integradoras?
As Atividades Integradoras – denominadas de Puxirum Acadêmico – são um conjunto de ações didático-metodológicas promovidas pela Escola de Licenciaturas da Uninorte visando garantir a qualidade no ensino por meio da unidade estabelecida entre as ações pedagógicas e as matrizes curriculares dos cursos, realizando um verdadeiro Puxirum.
O que é um Puxirum?
É a prática cultural do mutirão, da cooperação e união de pessoas para planejar e realizar ações, expressando a reunião de esforços em prol de um objetivo comum, como define a língua indígena Nhengatu. Nesse sentido, o Puxirum realizado pela Uninorte buscou promover ações acadêmicas comuns nos três turnos, integrando os conhecimentos das várias disciplinas que os discentes estão estudando.
Como foram desenvolvidos?
Foram desenvolvidos por meio de estratégias de ensino diferentes para os 1º, 2º, 3º e 4º períodos, mas com a temática comum para todos: “Diversidade Cultural: Consciência Negra”, nos dia 17 e 18 de outubro de 2012.
No dia 1º de novembro de 2012, na Uninorte Unidade 5, foram apresentados vários trabalhos acadêmicos e artísticos, com mostra de música,dança,teatro e poesia começando pela manhã e terminando a noite. Pela manhã, às 9:30 foi apresentada a palestra de Cléia Alves Intitulada “Militância Negra em Movimento Trajetória de Cléia Alves” com o objetivo de contribuir para a luta contra o preconceito racial e retirada do manto da invisibilidade que nega a importância do legado afro-descendente para a construção da cultura Amazônica e brasileira, subsidiando com atividades extracurriculares para a lei n.10.639/03.
A palestra foi um resumo da trajetória de Cléia Alves como educadora e artísta, atuando nos vários seguimentos artísticos em Manaus,interior do Amazonas e em Salvador.
Os slides apresentados na palestra seguem abaixo.
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