Falar de Candomblé de Angola na Cidade de Manaus é se referir as casas
tradicionais estabelecidas no bairro Lírio do Valle II, onde residem três
sacerdotisas responsáveis por dar continuidade aos ensinamentos e aos mistérios
dessa religião que chegara em Manaus na década de 1970. A trajetória dessa
nação de candomblé apresenta como sua figura responsável um certo Bahiano
conhecido como Wilson Falcão Real (Tatá Mutalambô).
Wilson Falcão Real nascera no dia 24 de setembro de 1946, e teve sua iniciação
no candomblé na cidade de Salvador. De origem circense, Wilson era um artista
nato, ator, bailarino, folclorista, sacerdote... A vida de Wilson Falcão Real
fora ligada estritamente a arte e a religião, em suas andanças pelo norte do
Brasil, é um dos granddes sacerdotes ainda hoje lembrado pelo povo do santo.
Além de Sacerdote de Candomblé, Wilson Falcão Real ocupara diversos cargos
públicos, tanto no Amazonas como em Roraima, chegando inclusive a ser um dos
Coordenadores do Departamento de Dança do Teatro Amazonas e um dos pioneiros
dos debates e inserção da cultura negra nas escolas públicas do Amazonas.
Sua chega a Manaus data dos idos da década de 1970, quando a convite de senhor
Raimundo Branco, chegaria para acompanhar uma festa de Tambor de Mina, que a
partir daí mudaria completamente o cenário afro religioso no Amazonas. Com
autoridade religiosa e conhecimento litúrgico, Wilson Falcão Real, passaria a
ministrar cultos afro-religiosos em língua, e promove a saída de uma primeira
turma de iniciados no Candomblé. Segundo dados apresentados por Mameto
Lembajinam, Tatá Mutalambô, chegara a iniciar cerca de 46 pessoas nos mistérios
do Candomblé.
Sua ida para o Estado de Roraima traria novos rumos para o Candomblé de Angola,
pois assim como em Manaus, Wilson fincaria raízes da Nação Angola naquele
Estado, tanto que é apontado como um dos responsáveis pela fundação do
candomblé de nação em Boa Vista, culto que hoje é preservado por Tatá Boculê.
Sua luta em prol da cultura negra vai além do Candomblé, Wilson Falcão Real
ficara conhecido por suas coreografias apresentadas no palco do Teatro
Amazonas, na qual sempre apresentava danças dos Orixás, e principalmente por
sua luta contra o preconceito a religião dos ancestrais africanos. Fundara na
década de 1980 o Inzo Muzambo Tatá Mutalambô, considerada por membros do
Candomblé de Angola, como a primeira casa de culto a Nkisses da Cidade de
Manaus.
Wilson faleceu no ano de 1992, em decorrência de uma parada cardíaca, e esta
sepultado em Manaus, no Cemitério Parque Tarumã, e seus ensinamentos religiosos
hoje se encontram preservado no Abassá de Angola de Danda Keuamaze, sobe a
responsabilidade de Danda Keuamaze, e no Abassá de Angola de Nenguá Taumbire,
dirigido por Danda Taumbire e Mametu Lembajinam, que preservam e se mantém
fieis ao Candomblé de Nação Angola.
A trajetória de Wilson Falcão Real no Amazonas, o estabelecimento do Candomblé
de Angola na Cidade de Manaus, seu pioneirismo na liturgia bantu, o tornara não
apenas um simples sacerdote e sim o principal responsável pela fundação e a
preservação dessa religião enigmática e misteriosa e que apresenta no culto aos
Nkisses a figura de seus ancestrais.
Luciney Araújo é pesquisador do NCPAM/UFAM e dos especialistas da cultura e
religiosidade afro na Amazônia.
FONTE:
http://www.ncpam.com.br/2009/11/um-sacerdote-chamado-wilson-falcao-real.html